sábado, 6 de fevereiro de 2010

2 DE FEVEREIRO (O Sagrado)

-Então tá certo amanhã, né?!
Acordei cedo pra dar inicio ao ritual. Nem parecia que logo em seguida eu iria trabalhar. Tomei meu banho e escolhi uma roupa bem “soltinha”. Tudo bem que o vestido já estava escolhido desde o dia anterior.
Que organizada que nada, tem dias que gente veste “centoesetecentas” roupas e NENHUMA fica boa ou as vezes aquela roupa já esta escolhida pra aquele dia com um mês de antecedência, simples!
- Tô saindo de casa, ta pronta?
- Tô.
- Dê 3 minutos e desça.
Peguei Rebeca e fomos pro Rio Vermelho. A intenção era só jogar umas flores, tomar um banhozinho de alfazema, enfim, pedir a benção a Yemanjá.
- Bora procurar Base? Eu soube que todo ano ele arma a barraca de flores ali, perto da igrejinha.
-Bóoo!!
Procuramos, procuramos e nada de Base.
-Ah! Vamos comprar aqui mesmo.
Escolhi seis rosas. Três amarelas pra jogar na intenção de Ju que não pôde ir e mais três pra mim, sendo uma amarela e duas vermelhas pro amor chegar com força.
-Uma flor segurando a outra, hein mainha! (Vai ver são as rosas vermelhas)
-Ó ESSA FILA!
-POOOOORRA!
- O que vale mesmo é a intenção, né? A gente desce na areia e joga na beirinha.
Já na areia e prestes a jogar as flores, eis que me aparece seu Carlos. Pescador do rio vermelho, mais ou menos 40 anos, sorriso de recém-nascido e animação de quem já tinha tomado umas duas bombinhas de Corote.
-E ai, bora levar a oferenda de barco?
-Precisa não a gente vai jogar aqui mesmo, brigada!
-Se as flô voltá não tem pedido certo!
Aceitei com a condição de não me molhar. Em vão, é claro. O barco de seu Carlos era uma “goga”, aquela laminha da mistura de areia e água, triscou sujou. Achamos um lugar sequinho, sentamos e esperamos o capitão empurrar a Nau, mas alegria de limpo dura pouco.
- Senta ali ó!
-Ali tá sujo!
-Passa pra lá, eu tenho que remar
-Você não tá entendendo, EU NÃO VOU ME SUJAR!
-Então reme ai vá, vá remando, minha filha.
Só na Bahia mesmo, viu!! Troquei de lugar com seu Carlos que passou encostando sua bermuda molhada em mim e batizando meu vestido. Já era! O jeito era entrar no clima.
-Tininhoooooo, já viu duas passageiras bonitas assim?
-kkkkkkkkkkkkkkkkk
- Ò as minhas aqui!
-Aonde, pai! Sou mais as minhas!
E a disputa rolava no percurso, nossas gargalhadas também. Jogamos as flores, fizemos nosso pedido e voltamos pra areia.
-Brigada, seu Carlos!
- Eu nunca cobrei tão barato, dez real pra levar as duas. Agora pague ai uma Skol, na moral, pra compensar a remada.

2 comentários:

  1. ahahahahahaha!!! me acabei de rir!!! aquele dia foi engraçado demais!!!
    adorei,

    "Rebeca"

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkk
    ri litros aqui. vc tá escrevendo cada vez melhor, luluka :D

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